Transportadoras de turistas no caminho da falência

NOTÍCIA | 07.03.2021

image

A associação destas empresas, que estão “paradas há 18 meses e assim deverão continuar mais um ano”, tendo despedido já “cerca de 500” pessoas em 2020, pede a “mão do Estado” para que consigam “hibernar e subsistir até abril de 2022”.

 

Transportam turistas e integram a confederação do setor, mas não são consideradas parte integrante do turismo pelo Governo. “Outra situação ridícula: os hotéis, restaurantes, ‘rent-a-cars”, têm o ‘clean & safe’, mas o autocarro que transporta os turistas não tem acesso a algo tão básico como esse selo”, indigna-se Rui Pinto Lopes, o novo presidente da Associação Rodoviária de Transportadores Pesados de Passageiros (ARP).

São dois exemplos que ilustram “a marginalização” de que se diz alvo “um setor completamente massacrado por este pandemia e que se encontra parado há 18 meses”, alerta o líder da ARP, organização associativa que representa cerca de 120 empresas que se dedicam ao serviço ocasional – são sobretudo autocarros de turismo.

Trata-se de uma atividade que “é ainda muito sazonal, que começa, geralmente, em março/abril, com a Páscoa, e que se prolonga até fins de outubro”. Resultado: “Há sete meses de trabalho e cinco meses de atividade muita reduzida ou até mesmo parada”, sintetiza Rui Pinto Lopes. Ou seja, quando, em março de 2020, os autocarros de turismo preparavam-se para regressar à estrada, após quase cinco meses de paragem, o eclodir da pandemia manteve-os travados.

 

Perde 80% da faturação

Estimando representar metade do mercado, o líder da ARP garante que, num universo de dois mil autocarros e, até há pouco, mais de 2.500 trabalhadores, o setor “perdeu em 2020 cerca de 80% de uma faturação da ordem dos 150 milhões de euros, e teve uma redução de 500 pessoas”.

Números a replicar em 2021: “Haverá uma redução igual ou superior durante este ano, caso não sejam tomadas medidas urgentes”, afirma. “Iremos estar parados até abril de 2022. E se não houver aqui uma mão do Estado, apoios concretos ao setor, nessa altura, quando houver a retoma do turismo, não vai haver autocarros para transportar turistas, pois as empresas terão fechado e os veículos entregues aos bancos”, atenta o mesmo dirigente associativo.

 

Moratórias até setembro de 2022, precisa-se

Após terem “investido, nos últimos cinco anos, perto de 100 milhões de euros em viaturas novas”, a que acresce “todos os custos inerentes à atividade – que está 100% parada –, como salários e seguros”, Rui Pinto Lopes considera “imperativo que as moratórias sejam prorrogadas, no mínimo, até setembro de 2022”. Isto porque, explica, se o setor retomar mesmo a atividade em abril de 2022, “estará nesses primeiros meses” completamente descapitalizado. “Teremos, então, que ganhar um bocadinho de oxigénio para poder, a seguir, pagar os leasings dos autocarros”, defende.

A ausência da “extensão das moratórias”, de um lay-off “menos penalizante”, de “linhas de crédito” ou “apoios a fundo perdido”, entre outras medidas, “levarão ao colapso destas empresas”, sinaliza o presidente da ARP. Ao secretário de Estado da Mobilidade, com quem irá reunir-se na próxima semana, vai apelar para “a necessidade de as fazer hibernar e subsistir até março/abril de 2022”.


Este é um setor que está 100% parado e sem ajudas suficientes do Estado para sobreviver.

RUI PINTO LOPES
Presidente da ARP

notícia extraída do jornal de negócios

ARP © Todos os Direitos Reservados | Desenvolvido por Bomsite

Ao navegar no nosso site está a concordar com a sua utilização. Saiba mais sobre o uso de cookie.